Todas nós pertencemos a uma linhagem longuíssima de pessoas que se tornaram lanternas luminosas a balançar na escuridão, iluminando o próprio caminho e os passos de outras. Elas conseguiram isso pela sabedoria de ser como a água e descobrir como passar pelas menores fendas ou por sua tranqüila determinação de baixar a cabeça e simplesmente colocar um pé diante do outro até conseguir chegar aonde quer. A reflexão é da escritora e psicóloga junguiana, Clarissa Pinkola Estes, que retrata, no livro “A ciranda das mulheres sábias”, a importância de resgatarmos as nossas raízes.
Perto dos 40, mãe de um adolescente, grávida de uma menina, segundo casamento, um novo emprego com cargo de chefia e a terceira mudança de apartamento em três anos. Soma-se a isso a aquisição de quilos e gordurinhas a mais, olheiras teimosas, doses descomunais de azia e as emoções totalmente descompensadas. Diante de desafios de vida como estes, viramos, invariavelmente, um turbilhão de sentimentos diversos ambulante. No meu caso, com uma dose extra de hormônio feminino. Cada uma de nós vive a experiência de uma maneira diferente, a partir da bagagem emocional que acumulou ao longo de sua caminhada. Eu, que sempre fui muito pragmática, passei a recorrer a momentos de infância e às mulheres sábias do meu passado para enxergar, com lucidez, o meu presente.
Somos todas mulheres que correm com os lobos, buscando, muitas vezes, aos trancos e barrancos, um jeito especial para carregar a nossa mala de sentimentos - expectativas, frustrações, sonhos possíveis e esquecidos, amores reais e imaginários - por aí afora. Dependendo do momento de vida e dos desafios que se impõem no campo pessoal e profissional, esse jeito de sobreviver pode ser mais criativo ou conservador.
Manter um novo casamento, equilibrando-se na corda bamba para não cometer os erros do primeiro - mas permitindo-se errar novamente com a maturidade para sacudir a poeira, levantar e dar a volta por cima - criar mais um filho num momento em que o mundo está de cabeça para baixo, ajudar um adolescente a caminhar com as próprias pernas, gerenciar uma casa e ainda alcançar todas das metas no emprego novo. Sem esquecer, claro, da boa maquiagem para esconder as imperfeições, do cabelo bem cuidado, unhas pintadas e o bem estar físico. Muitas vezes, no meio de toda esta confusão diária, gostaria de abrir um espaço e ficar quietinha dentro mim, nem que seja apenas por alguns minutos. Depois de recarregar as minhas energias, erguer a cabeça novamente e, feito uma fênix, renascer plena em busca do sucesso. O fato é que dificilmente temos tempo para esta pausa. Então, não tem muito jeito. A fênix tem que brotar de algum lugar e em momentos mais diversos.
Mas, mesmo diante de todo esse cenário, compartilhado por muitas e muitas de nós, tenho grande orgulho em poder carregar mais uma de nossa espécie no ventre. Você, Valentina, o meu "projeto de mulher”, certamente, em algum momento de sua existência, recorrerá aos conselhos ou às lembranças de uma das sábias da família para poder seguir em frente. E eu estarei lá, feito uma colcha de retalhos formada por uma coleção de sentimentos meus e de tantas outras fêmeas contemporâneas, pronta para acender uma lanterna e iluminar o caminho de minha filha. Juntas, todas nós somos muito mais fortes. Perto dos 40, estou cada vez mais certa de que este é o sentido da vida.
Parabéns pelo site, Paty!!!
ResponderExcluirValentina sem dúvida irá amar! Bem Vinda prima, Ao mundo e sem dúvida sua mãe está mais que pronta, para dar o suporte de ensinamento de vida!
Patrícia tenho muito orgulho de você, que é uma vencedora, este seu texto me lembra muito os da mamãe, sua vó Ledy. A tendência das personalidades que surgem a cada geração é melhorar, eu imagino que Valentina será muito inteligente, dinâmica, determinada e tudo o mais, como já podemos ver no nosso jovem João Pedro. Estou ansiosa para conhecê-la, já a amo tanto, como amo você e o JP. Que venha nossa Valentina,cheia de saúde e alegria esta linda menina!!!
ResponderExcluirBeijos tiavó Martha