quinta-feira, 11 de abril de 2013

Valentina na fazenda

"A mãe reparou que o menino
gostava mais do vazio
do que do cheio.
Falava que os vazios são maiores
e até infinitos."
Manoel de Barros


Valentina, filha querida, é realmente fascinante acompanhar o seu crescimento. A velocidade com que você assimila as novidades do mundo que se descortina à sua frente é fantástica.
Passamos o feriado num hotel fazenda maravilhoso na região onde imperaram, durante muitos anos, as fazendas de café e os seus respectivos barões. Chegamos na quinta-feira Santa, já no fim do dia. Um ventinho frio tomava conta do lugar e eu fiquei assustada com a possibilidade de a sua crise alérgia piorar.
Logo na chegada você ficou encantada com os coelhinhos de pelúcia - pequenos, médios e grandes - que enfeitavam a recepção do hotel. Apontava para um e para outro, balbuciando palavras esquisitas que só existem no mundo dos bebês. Os olhinhos, meio caidinhos, brilhavam muito diante daqueles bichinhos que a convidavam para brincar. Depois de uma farra com a coelhada, logo você notou que por ali támbém havia uma mesa farta com muitos pedaços de queijo branco. Comeu vários deles e sempre pedia mais e mais!
O quarto era uma delícia de aconchegante. Seu berço, porém, representava um certo perigo, pois a grade baixa e o colchão mais alto convidam você a fazer estripulia. Não deu outra. Rapidamente você descobriu como entrar e sair de lá. Mesmo que isso representasse uma queda de cabeça para dentro ou fora daquele cercadinho. Eu e o seu pai tivemos que montar um esquema de segurança, com cobertores fofos no chão e um bom empurrão em nossa cama para a parede, como medida de proteção a esta menina levada.
No jantar, você já fez aquela farra. Passeou pelas mesas, curtiu o coelho gigantesco e seus pequenos amigos que enfeitavam o buffet, acenou para todo mundo, mandou beijos e fez amizades com várias crianças. Infelizmente, nem todas quiseram muita conversa com você, filha. Os maiores, principalmente, às vezes têm mania de brincar de egoístas e mal educados. Mas, você, linda, chamava a todos de " nenén" e mantinha sempre os olhinhos amigáveis e os braços abertos para fazer carinho. Eu e o seu pai ficávamos com o coração cortado, mas fazer o quê? Muito provavelmente você fará a mesma coisa quando crescer um pouquinho. Mas faremos de tudo para que você seja sempre muito carinhosa.
Preciso contar uma coisa muito engraçada, filha. Você mamava no peito enquanto eu, distraidamente, conversava com o seu pai no quarto do hotel. De repente, quando me dei conta, você colocou a boneca para mamar também, com barulhinho e tudo mais. Morrermos de rir! Você tem cada ideia, Valentina. É muito inteligente! 
O passeio pela fazenda foi a maior curtição, filha. Você correu atrás dos patinhos, deu milho para eles, andou de trenzinho e até assustou-se com o som do cabrito. Seu pai, meio maluquinho, colocou você dentro do cercadinho dos porquinhos ( estavam todos bem limpinhos, claro). Tirei foto rapidamente e seguimos em frente. Também amou o coelhinho solitário que mora numa gailola enorme em frente à casinha de bonecas. Você não sabia o que fazer diante daquela coisinha fofa. Dizia auauau, fazia barulho e andava de um lado para o outro. Por pouco ele não mordeu o seu dedinho!
A viagem teve outras muitas coisas boas. Festa Anos 60, onde você dançou a valer na pista comigo e com o seu pai; comida deliciosa, presentes como as lindas bonecas de pano que compramos para você...
Mas, infelizmente, tivemos que combater uma febrinha que a incomodou bastante. Como o clima é frio e o ar muito úmido, você ficou com as narinas bem congestionadas, filha. Deu pena. Felizmente, quando chegamos em casa, tudo ficou bem. Aliás, foi contagiante a sua alegria ao entrar na sala, correr pelo corredor e, finalmente, voltar para o quartinho lilás. Logo logo ficou boa.  Valeu o passeio!
Muitoe e muitos beijos!



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